sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

A MEIA DE NÁILON DO CÂNCER

Em 1920, quando perguntaram à Evarts Grahan, um cirurgião famoso de St. Louis, pioneiro em pneumonectomia (a ressecção dos pulmões para remover tumores), se o tabaco tinha aumentado a incidência de câncer de pulmão, ele retrucou, desdenhosamente ¨assim como o uso de meia de náilon¨.
Em 1947 no Reino Unido, Inglaterra, houve uma epidemia de câncer no pulmão, as taxas tinham aumentado cerca de 15 vezes mais que em duas décadas anteriores.
1947, em fevereiro, início do ano, foi criado uma Comissão Parlamentar sobre o aumento do Câncer de Pulmão.
O resultado foi pífio, culparam:
A gripe Londrina.
A névoa Londrina.
O Raio x do Sol.
O Alcatrão das estradas.
O resfriado comum.
A chama de carvão.
A poluição industrial.
O gasômetro.
O escapamento dos automóveis.
¨Era tudo menos a fumaça do cigarro.¨
O mesmo ocorria no outro lado do Atlântico, opinião de néscios.
No verão de 1948, Ernst Wynder, estudante de Medicina, em N.York, deparou com um caso de um homem de 42 anos, que havia morrido de Carcinoma Broncogênico, era um fumante crônico.
Na sua autópsia seus brônquios estavam manchados de alcatrão e os pulmões totalmente escurecidos pela fuligem.
Naquela época todos os cirurgiões não percebiam a cor e a textura dos pulmões, simplesmente os extraíam.
Mas o estudante, Wynder, voltou para sua faculdade em St Louis, onde cursava a Medicina, pediu dinheiro para pesquisar à associação de câncer de pulmão e o hábito de fumar, mas ¨levou¨ um não e responderam que a pesquisa era ¨INÙTIL¨
Mas o estudante era ousado e escreveu ao Ministério da Saúde dos EUA naquela época, relatando o fato verificado em seus estudos, o Ministro da Saúde respondeu-lhe:
¨ Esta correlação que você fizera é a mesma correlação que poderia ser feita com a ingestão de leite¨.
Wynder, recrutou a Evarts Graham, o mesmo que falou nas meias de náilon, mas para refutar o assunto resolveu aceitar o desafio do estudante.
Criaram grupos de fumantes e não fumantes (como grupo controle), que era uma novidade na metodologia da época.
Ficaram Wynder e Graham em N. York e Doll e Hill em Londres, ambos pesquisando a mesma coisa e o mesmo assunto.
Nesta época na Faculdade de Medicina de Doenças Tropicais de Londres, foram feitas as primeiras descobertas epidemiológicas do século XIX:
Malária vetor mosquito.
Leishmaniose vetor Flebotomínes.
Doença do Sono vetor mosca Tsé- Tsé.
A relação Tabaco e o Câncer era bobagem.
No pós guerra havia a distribuição de fichas para fumantes habituais.
Doll e Hill, 1948: fizeram 156 entrevistas aos fumantes e, assim apareceu os primeiros indícios da associação entre o câncer e o tabaco.
Por esse motivo, Doll abandonou imediatamente o cigarro, mas era muito tarde.
Já em N.York, Wynder e Graham chegaram a mesma conclusão através de outra pesquisa e outros métodos.
Wynder e Graham publicaram no: Journal of American Medical Association, ¨foi uma luta¨ para que fosse publicado.
Já Doll e Hill publicaram : British Medical Journal, outra batalha para publicar.
1940 o excêntrico geneticista de Oxford Edmund Ford, o que descobriu as mariposas na floresta que mudava a genética para sobreviver ao predador, associou-se a eles.
1951, Doll e Hill, fizeram pesquisas com 41.024 médicos fumantes e não fumantes, onde das 789 mortes foram por câncer de pulmão nos fumantes.
Até hoje, mesmo comprovado, ¨as duras penas¨ pelos pesquisadores médicos, temos uma vasta legião de fumantes pelo mundo, sem importar com o seu amanhã e sim com o agora.
¨A propósito (meu câncer), é uma célula cancerosa escamosa, aparentemente igual ao câncer de pulmão de todos os outros fumantes¨ palavra do Dr Doll.
¨Não acredito que alguém possa apresentar um argumento muito convincente contra a ideia de uma conexão causal com o hábito de fumar, porque fumei durante cerca de cinquenta anos antes de parar¨, palavras de Evarts Graham e Ernst Wynder, em 1957.
A resposta da poderosa indústria do Tabaco, foi feita em 1954: Acreditamos que os produtos que fabricamos não são prejudiciais à saúde.
Sempre cooperamos e vamos cooperar de perto com aqueles cuja tarefa é preservar a saúde pública.
Há um ditado que diz ¨o cego é aquele que não quer aceitar os fatos¨.
Fim
Dr. Alexandre Machado

  











































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